Visitas

Acreditam em nós

Banner de parceria

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

PostHeaderIcon " Meu velho "

"Ela parou mirou aqueles olhos de jabuticaba em meus olhos, e pediu um perdão em silencio, suas bochechas ficaram enrubescidas, ela era de fato uma criança linda. Antes que eu pudesse dizer algo uma enfermeira se desculpou por ela. E a pegou no colo, olhei para a enfermeira e acenei com a cabeça. E em seguida mirei a criança e perguntei seu nome. Ela me responder, era Isabella. Conversei com ela alguns minutos e fiz perguntas básicas e obtendo respostas nem tão óbvias.
Sobre seus pais, ela nunca os viu, sobre sua casa, desde que nasceu estava no hospital, sobre seus amigos ela tinha vários e para minha surpresa eu agora fazia parte de sua imensa lista. Senti satisfeito com as perguntas, terminei e fiquei em silencio. Pensava a que circunstâncias era possível alguém abandonar uma criança tão linda. Ela respirou fundo e me fez uma única pergunta “Porque a lua às vezes fica laranja?”. Sem realmente não saber a resposta, fiquei pensando no que ia dizer, foi quando a enfermeira chegou e a levou. Passei noites em branco tentando dar a resposta, mas não consegui. Passei a colocar a culpa da mina solidão em mim mesmo. Pensando no dinheiro, perdi minha família, essa era a verdade. Por mais dolorido que fosse, e agora tinha dinheiro suficiente para ter uma vida de luxo, mas com ele só consegui pagar consultas em um hospital caro para amenizar uma doença incurável.
Durante vários dias visitei Isabella, conversava com ela sobre vários assuntos, sobre o futuro dela, seus sonhos e fantasias, minha doença paralisou por um tempo. Isabella cresceu, saiu do hospital e entre crises e melhoras minhas, Isabella ia se tornando uma moça dona de uma beleza invejável. O que uma criança sabe sobre o amor? Se for pela lógica, pela maturidade que se adquire ao longo dos anos, era certo que ela não compreendia nada. Imensa tolice minha, pois as crianças sabem tudo sobre o amor, sobre paixões delirantes, é como viajar e ver a alma através dos olhos do amado, só elas sabem, como viver o amor no presente sem conjugá-lo, para um futuro irreal, ou para um passado distante. Posso afirmar com toda a certeza, posso até se preferir, colocar essas mãos calejadas no fogo e não me queimarei, pois as crianças sabem tudo, definitivamente tudo sobre o amor.
Isabella, oito anos, negra, magra. O que essa menina veio fazer nessa história, é o que tento a anos explicar para minha mente já caduca. Quem eu sou? Um velho detestável que vive sozinho. Por culpa minha, admito. Isabella me ensinou tudo o que sei sobre o amor, me mostrou que é possível cultivar flores em terras áridas.
Estava eu em um hospital, em uma cidade no interior da Europa, os médicos já não tinham esperanças para mim, estava com câncer em quase todos os meus órgãos. Não fiquei triste, parei um tempo, os últimos que me restavam para refletir verdadeiramente sobre minha vida e notei que tantas pessoas passaram por ela, era antagônico eu estar aqui sem ter sequer alguém para mandar uma carta, alguém para dizer que eu amo, ou para contar minha história, continuar com meu legado.
Andei várias vezes pelo corredor e pude deparar parentes rezando pelos pacientes queridos, agradecendo pelos milagres de suas melhoras. Era isso eu necessitava de um milagre."


[Continua amanhã.../]

2 comentários:

Anônimo disse...

adorei
estou tentando imaginar o fim.

Unknown disse...

Obrigado!!!

Postar um comentário

Obrigado por ler esta postagem...