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segunda-feira, 27 de setembro de 2010

PostHeaderIcon " Quanto tempo ainda resta "

"Estava escuro. Era melhor assim, eu sabia. Já estava me acostumando com ausência de luz. De certa forma ela me confortava. O difícil era esquecer. Doía só de lembrar.
Quando isso terminaria? Eu queria poder voltar a sonhar, queria encarar a luz e ver ou sentir alguma razão nela. Por que tudo teria mudado dessa forma, mais afinal. Quem realmente mudou. Eu ou a ordem natural dos seres humanos.
Queria realmente justiça. Por mais dolorido que fosse. O fato era eu não queria assumir que estava com raiva, ódio. Um homem como eu, não estava familiarizado com sentimentos como esses. Não ate um mês atrás.
O sol nascera dobrado aquele dia. Dourava os corpos desnudos, despojados e soltos. A brisa fresca, era um, alento ao suor estanque. Clara estava feliz. O que era de se esperar para uma criança de apenas quatro anos. Alegre, falante. Brincava sozinha com suas bonecas como se todo mundo se resumisse ali... Naquele pedaço de tapete velho. Enquanto ela falava um monte de coisas que minha mente de adulto achava sem importância. Eu continuava a lavar o carro sem deixar os problemas do trabalho. Eles me perseguiam, empreguinavam-me. Como lodo em uma parede úmida. E eu de certa forma permitia que isso acontecesse. Mais Clara tinha o dom de fazer que todos os problemas fossem pequenos. Eu a amava, faria qualquer coisa por ela sem pensar duas vezes. Pois ela era minha filha. Faria tudo, menos brincar de boneca, nem ver aqueles desenhos infantis ou desenhar bonecos sem nexo com giz de cera. Muito menos passear de bicicleta com ela na praça do bairro. Faria tudo menos isso. A minha sorte era que a mãe dela, minha esposa fazia sempre isso por mim compensando minhas ausências. Afinal, eu não tinha tempo então isso não era culpa minha. Alguém tinha que se preocupar com as contas, com as atividades extracurriculares, alguém tinha de se preocupar com como pagar o boleto do balé que insistia em chegar todo final de mês. Nossa eu nunca tinha ido ao balé. E como seria?
O dia passou rápido mais nada fugiu do esperado, almoçamos,jantamos, eu li um livro enquanto Clara discutia com a mãe que dois mais três eram seis e pronto. Ora ou outra seu olhar buscava o meu procurando apoio, ela estava curiosa para saber o que tinha de tão especial naquele livro que não permitia que eu fosse brincar com as duas. Senti remorso. Jurei que a partir da próxima semana eu seria mais presente. Depois disso tudo aconteceu muito rápido[.../]"

Continua amanhã...

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